Fomos Vítimas de uma Ilusão
Não creio que tenhamos falhado. Fomos vítimas de uma ilusão que não
foi só nossa, a de que Portugal fosse capaz de arrancar-se à «tristeza
vil e apagada» em que mais ou menos sempre tem vivido. Imaginámos que
seria possível tornarmo-nos melhores do que éramos, e foi tanto maior o
tamanho da decepção quanto era imensa a esperança. Ficou a democracia,
dizem-nos. A democracia pode ser muito, pouco ou quase nada. Escolha
cada qual o que lhe pareça corresponder melhor à situação do país...
José Saramago, in 'Cadernos de Lanzarote (1994)'
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