22 março, 2015

Amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

21 março, 2015

Amor a segunda vista


Dia Mundial da Poesia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.


Fernando Pessoa

20 março, 2015

Eclipse Solar Total (Slooh Community Observatory)

Slooh Community Observatory

Eclipse Solar



Algumas imagens do eclipse Solar [Sic]

Other side of the moon

Eclipse solar total.

 O eclipse solar ocorre quando a Lua se encontra entre a Terra e o Sol.



Neste caso, a sombra da Lua ira passar sobre o Atlântico Norte e o Oceano Árctico, começando na Gronelândia, passando na Islândia e no Reino Unido, segue pela Noruega finalizando no Pólo Norte.

Pode-se acompanhar o eclipse pelo site  slooh.com  

ou Observatório Astronómico de Lisboa.
 
Em Portugal, o eclipse começa pelas 8:00 (hora de Lisboa) e termina pelas 10:00, com o seu pico a acontecer pelas 9:00, dependendo também do ponto do país onde se encontra. Neste caso não é total.

Amanhã também se dá o Equinócio da Primavera às 22h45min hora de Lisboa

E como há um alinhamento entre o Sol e a Lua teremos também mares-vivas.

Eclipse de 10 Dez 2011

19 março, 2015

14 março, 2015

Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


de: Vinícius de Morais

12 março, 2015

EU

IVA 2015


Há questões que não dá para entender.

Numa comunidade em que existe a  livre comercialização e circulação de produtos como é que existe tantas e  diferentes taxas aplicadas?

Se "...os países hoje não têm total liberdade para alterar a estrutura de taxas, apenas para alterar dentro de alguns limites, as taxas que já possuem"

Que mercado único é este?

Precisa-se de um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. 
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. 
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. 
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. 
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. 
Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. 
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. 
Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. 
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. 
Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. 
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. 
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. 
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. 

Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Azul


No sè nada!


11 março, 2015

Inocência

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar.

07 março, 2015

06 março, 2015

Tabacaria


Tabacaria de Álvaro de Campos, representada por Mário Viegas

Filme do Desassossego





O filme baseia-se no Livro do Desassossego do autor português Fernando Pessoa

04 março, 2015

Escrever....

O que é mais difícil não é escrever muito; é dizer tudo, escrevendo pouco.



Júlio Dantas

03 março, 2015

O cavaleiro da távola...

Quando leio noticias destas
Socialista e ex-líder de obediência maçónica promoveu petição que pede a libertação de José Sócrates....

Fico sempre na duvida se estou em pleno seculo XXI ou na idade das trevas?

É difícil de entender que ilustres figuras da nossa sociedade se prestem a princípios obscuros e de natureza "primata", colocando-se  acima das Leis e da Constituição de um País.




O inquérito ainda está no inicio e cabe a justiça provar se há crime ou não?


Ter de ler que a "maçonaria", cujos membros são portugueses, espanhóis e franceses querem, porque querem a libertação de alguém! É de mais.

Deveriam sim, pedir que a verdade se apurasse o mais breve possível e se o ESTADO foi lesado, que se devolvesse tudo.


02 março, 2015

Moon-Venus-Mars Skyline

by:Nasa

Saudade

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o acto sem continuação, o acto em si,
o acto que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

01 março, 2015

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.


José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"