Súbdito inútil
(Fernando Pessoa)Súbdito inútil de astros dominantes,Passageiros como eu, vivo uma vidaQue não quero nem amo,Minha porque sou ela.No ergástulo de ser quem sou, contudo,De em mim pensar me livro, olhando no altoOs astros que dominamSubmissos de os ver brilhar.Vastidão vã que finge de infinito(Como se o infinito se pudesse ver!) —Dá-me ela a liberdade?Como, se ela a não tem?Ricardo Reis - Odes De Ricardo Reis
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